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Vai uma loura suada?
09.fevereiro.2001

Tania Menai

Camisa fechada até o pescoço, gravata, terno branco, calça comprida preta, meia e sapato engraxado. Nada como um garçom bem vestido. Mas espere aí. O rapaz da foto não está servindo fondue nos Alpes suíços. Ele está pingando sob o sol escaldante do Rio de Janeiro. É assim que dezenas de estabelecimentos cariocas com mesas ao ar livre exigem que seus garçons se vistam. Aí se incluem restaurantes tradicionais, como o Caneco 70, na Praia do Leblon, o Clube dos Caiçaras, na Lagoa, e o Condomínio Mandala, na Barra da Tijuca."Não é fácil, não", diz um garçom do Clube dos Caiçaras. "Essas condições de trabalho são um convite ao mal-estar, à irrritabilidade, ao estresse e, conseqüentemente, à hipertensão", diz o clínico geral carioca Mauri Svartman. "A roupa retém o calor do corpo. As reações mais comuns são febre, cansaço, cãibras e fraqueza."

Só isso já seria razão para mudar o visual dos garçons, mas um uniforme apropriado vai além da questão da saúde. No restaurante da Universidade de Cornell, em Ithaca, Estado de Nova York, uma mudança no uniforme deu uma injeção de ânimo à equipe. "Antes, os empregados pareciam presidiários, vestidos de cinza e azul-marinho. Com os uniformes de tecidos leves e cores mais claras, o ambiente mudou, aumentou o espírito de equipe e até o modo como eles atendem os clientes melhorou", diz Scott Lewis, gerente da Cornell Dining.

Por que alguns restaurantes cariocas submetem seus funcionários a esse sacrifício? Provavelmente porque acham que é mais chique. Também porque alguém decidiu há décadas que o uniforme seria assim e ninguém questiona a decisão. "Nunca tivemos nenhuma reclamação dos garçons nem dos sócios do clube", diz Sérgio Lopes, gerente do Buffet Amanda, do Caiçaras. Se for por falta de reclamação, aí vai uma: nesse verãozão do Rio, quem tem de vir suado não é o garçom, é a cerveja.

- Tania Menai, do frio de Nova York, em visita ao calor do Rio de Janeiro


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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