Cuba lidera ensino primário latino-americano
15.dezembro.2001
Tania Menai,de Nova York
Cuba é o país com melhor nível de educação primária da América Latina. Este foi o resultado de um estudo administrado por uma agência das Nações Unidas junto com a Partnership for Educational Revitalization in the Americas (Parceria pela Revitalização da Educação nas Américas) e divulgado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Crianças cubanas de 3ª e 4ª séries tiveram um desempenho tão espetacular nas provas de matemática e de idiomas que os responsáveis pelo estudo retornaram a Cuba para testá-las novamente.
O bom desempenho dos cubanos não é novidade. Um teste aplicado pela Unesco em 1998 já apontava o sucesso. Até as crianças mais pobres estão acima da média das crianças de toda a região. O sistema educacional de Cuba, assim como o sistema de saúde local, tem sido prioridade na lista do governo do presidente Fidel Castro desde o começo da revolução, há quatro décadas.
Críticos alegam que a educação é usada pelo governo como uma ferramenta para injetar ideologias políticas nas crianças desde a 1ª série. Por outro lado, o resultado do testes surpreendem, já que a ilha está isolada no comunismo e sofre um embargo dos Estados Unidos há 41 anos (apenas em novembro último, parte do embargo foi quebrado por causa de um furacão que varreu a ilha, e Cuba importou grãos como arroz e soja dos EUA).
Há dez anos, Cuba perdeu a patronagem da União Soviética, que lhe garantia subsídios de bilhões de dólares. Desde então, está mergulhada em problemas econômicos.
Peter Hakim, presidente do Inter-American Dialogue, um fórum de líderes sediado em Washington e que co-patrocinou o estudo, disse ao The New York Times que "a questão agora é saber se Cuba será capaz de sustentar este sistema a longo prazo".
Recursos, sozinhos, não explicam o sucesso da nação. A maior parte dos países da América Latina gasta mais dinheiro público por estudante que Cuba, onde a cifra é de menos US$ 1 mil. Chile, México e Brasil excedem este valor. Os EUA desembolsam mais de US$ 6 mil por estudante (por sinal, o governo americano acaba de passar uma lei que vai premiar em dinheiro as escolas nacionais com melhor desempenho - um incentivo para melhorar as escolas públicas, que andam de mal a pior).
Hakim acrescenta que "o exemplo de Cuba é uma prova de que países pobres podem melhorar seus sistemas educacionais independente dos recursos financeiros". Vale lembrar, porém, que a qualidade de ensino em Cuba é baixa e inadequada em determinados aspectos, e muitas das escolas contam com a ajuda de pais e da comunidade local. Mais: muitos professores são profissionais de outras áreas que são proibidos de exercer suas funções. Resta-lhes ensinar.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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