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Medo de voar
14.agosto.2002

Por falta de passageiros, companhias aéreas estão cancelando viagens em 11 de setembro

Tania Menai

Já é conhecido o local em que a maioria dos americanos pretende passar o próximo 11 de setembro: eles planejam ficar em terra no dia em que faz um ano que quatro aviões de passageiros foram seqüestrados e usados em ataques contra o World Trade Center, em Nova York, e contra o Pentágono, em Washington. Por falta de passageiros, muitas companhias aéreas estão cancelando seus vôos nos Estados Unidos no aniversário dos atentados. Só a British Airways abriu mão de 24 de suas 78 viagens diárias, incluída uma que tinha como destino Barbados, ilha caribenha muito freqüentada por turistas americanos. A Air France, que tradicionalmente não cancela vôos por falta de passageiros, eliminou dois, para Nova York e Washington. A Scandinavian Airlines suspendeu dois de seus três vôos. Muitas pessoas não querem embarcar com medo de que os terroristas possam comemorar a data com novo atentado. Outras simplesmente passaram a considerar o 11 de setembro um dia fatídico. "Viajar nesse dia traria de volta as imagens daquela manhã", diz a advogada Edith Bertoletti, uma carioca que assistiu da janela de seu escritório ao atentado ao World Trade Center, em Nova York. "Nenhuma empresa teria coragem de obrigar um funcionário a viajar nessa data."

Visto que os americanos não estão dispostos a comprar bilhetes para esse dia, a Spirit Airlines, companhia doméstica com sede na Flórida, anunciou na terça-feira passada que todos os seus vôos serão gratuitos em 11 de setembro. A empresa colocou 13.000 assentos, noventa vôos e catorze destinos à disposição de quem quiser embarcar a custo zero. "Queremos incentivar o público a viajar nessa data e exercitar a liberdade deste país", explicou Jacob Schorr, presidente da Spirit Airlines. A JetBlue Airways, empresa de passagens baratas, não cancelou nenhum vôo, mas sabe que seus aparelhos decolarão com muitos assentos vagos. "As reservas para esse dia estão abaixo do normal", conta Fiona Morrisson, porta-voz da JetBlue. "Sendo uma empresa nova-iorquina, entendemos bem que as pessoas vão preferir ficar em casa, com a família, num dia assim."

A American Airlines e a United Airlines, donas dos aviões seqüestrados e usados como mísseis pelos terroristas, vão cancelar uns poucos vôos, mas concluíram que, devido às circunstâncias, a melhor política é manter a maioria de seus aviões no ar. "Até agora nenhum vôo para o Brasil, partindo de Nova York ou de qualquer outra cidade americana, foi cancelado. Mas isso ainda pode ocorrer", relata Luciana Gomes, agente de turismo da Bacc, agência nova-iorquina especializada em vôos para o Brasil. Na Varig, que tem 21 partidas diárias para os Estados Unidos, a quantidade de reservas não caiu. Na verdade, quem estiver disposto a viajar em 11 de setembro poderá levar vantagem. A engenheira Vivien Zraick, brasileira de 26 anos que trabalha na Califórnia, embarcará com o namorado de São Francisco para Paris, com escala em Boston, nesse dia. "Estou adorando a idéia", diz. "A passagem saiu barata, acho que os aeroportos terão segurança extra e, com tantos assentos vagos, poderei dormir esticada em cinco poltronas."


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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