B&H - "Lodjinha" High-Tech
01.setembro.2005
Tania Menai, de Nova York
Parece um supermercado. Quem entra na B&H, mega loja de equipamentos de fotografia, vídeo e áudio em Nova York, e vê gente para todos os lados, pensa que comprar equipamento fotográfico é tão simples quanto comprar bananas. E é. Democrática, profissional e instalada em seus 11 mil metros quadrados, a B&H atende às exigências de profissionais das revistas mais prestigiadas em busca daquela lente capaz de fotograr um micróbio. E também daquele turista que busca a câmera com o mínimo de rebimbocas para presentear a avó.
Para atender toda esta gente, com infinito espectrum de expectativas, línguas e bolsos, os vendedores – quase todos judeus ortodoxos – especializam-se em câmeras digitais, câmeras profissionais, lentes, impressoras, aparelhos de MP3 e por aí vai. Se em termos religiosos estes judeus parecem viver no passado, quando o assunto é tecnologia, eles já estão para lá do próximo versículo.
A B&H – iniciais do nome do dono e de sua esposa, Blimay (ela) e Hershy Schreiber - existe há mais de 30 anos. Hershy, um judeu ortodoxo, é muito tímido – jamais colocou sua imagem à frente da B&H. Hoje, ele aparece na empresa pelo menos três ou quatro vezes por semana. No começo, sua loja ocupava um endereço no sul da ilha de Manhattan, onde concentram-se vários ortodoxos. O bestseller da época eram rolos de filmes. Anos depois, a loja mudou-se para a rua 17 do lado oeste, região chamada Photo Distric, que até hoje reúne os grande laboratórios de fotógrafos profissionais.
“Crescíamos tanto, que o proprietário do imóvel passava horas arrumando espaço extra para nos alocar”, lembra Henry Posner, diretor de treinamento e vendas. “Chegamos a um ponto onde não podíamos mais funcionar. E, felizmente, achamos este espaço, que costumava ser um YMCA”, diz ele. Para chegar até a loja, muitos vendedores usam um ônibus amarelo, que lembra ônibus escolar, alugado pela B&H. “Há muitos judeus chassídicos vivendo no Brooklyn e também em Monsee, cidade a uma hora daqui – por isso é mais fácil eles virem juntos”, diz Posner, que não é ortodoxo.
O que faz da B&H ser adorada por fotógrafos do mundo todo é simples: além de vender todos os acessórios imagináveis para cada equipamento, os vendedores estão preparados para lidar com os fotógrafos mais exigentes. “Eles entedem do assunto como ninguém”, diz Dan Loh, fotógrafo nova-iorquino que ganhou um Pulitzer Prize (prêmio mais importante no jornalismo impresso nos EUA) por ser o primeiro a fotografar Monica Lewinsky.
“Quando você encontra o vendedor certo é uma maravilha”, diz o diretor de cinema carioca Roberto Berliner. “Tem um cara no departamento de fotografia que adora cinema e por isso acabou me ajudando muito. Sempre que volto lá peço para ser atendido por ele”, acrescenta. “A empresa investe muito nos empregados. Por outro lado, não sei se todos os vendedores são tão simpáticos assim. De qualquer maneira, se você tiver paciência e não se incomodar com algum mal humor, pode sair de lá com um bom equipamento”, diz Berliner. O diretor de cinema ainda diz que os vendedores gostam de brasileiros. “Dizem que não damos calote! Não é incrível?”
Os mesmos vendedores lidam com turistas que, muitas vezes, não fazem noção do que estão comprando. “Tratamos todos igualmente”, afirma Posner. Outra vantagem é que a turma de vendedores conhece o que está vendendo - muitos deles são ou eram fotógrafos profissionais. Outros, trabalhavam com vídeos. Todos andam com crachás que indicam seus nomes, área de especialidade e idiomas que eles falam. Inclusive português. “O conhecimento do idioma e a habilidade que temos em mandar os produtos para o Brasil, nos estabeleceu um bom relacionamento com os brasileiros”, diz Posner.
O fotógrafo de cinema carioca Breno Cunha conta que compra material fotográfico no site da B&H e recebe no Rio de Janeiro sem nenhuma taxa extra, apenas o valor de frete. “Eles vendem desde ilha de edição até mochila para equipamentos ”, diz ele, cliente de carteirinha. Em uma recente visita a Nova York, Breno comprou uma câmera que apresentou um pequeno problema. Imediatamente eles trocaram por outra”, diz Breno, que também gosta de passear pelo departamento de equipamentos usados no segundo andar da loja.
Posner calcula que a loja, as vendas por telefone e o website juntos atendam milhares de consumidores por dia. “Recebo telefonemas até de cientistas do Pólo Sul”, conta ele, cuja lista de clientes inclui a NASA, departamentos de polícia, universidades, fotógrafos de imprensa e fotógrados célebres. “Certa vez, antedemos um fotógrafo de um jornal da Tchecoslováquia. Ele veio para Nova York só para comprar em nossa loja”, conta Posner. “Levou dois sets de equipamentos completos. Disse que mesmo com a passagem e o hotel a compra saia mais em conta do que em seu país”. Já turistas compram muitos MP3 players, pequenas câmeras digitais, muitas máquinas com filme, tripés e equipamentos de áudio.
“Quando ingressei na empresa, há 11 anos, haviam cerca de 150 funcionários - a maioria deles judeus ortodoxos. Hoje, somos quase 900”, orgulha-se, ressaltando que há gente de todas as origens – e todos têm as mesmas oportunidade. Pode-se notar o diferencial religioso também nos dias e horários de funcionamento. “A loja fecha às sextas-feiras após as duas da tarde e aos sábados. “Respeita-se o Shabat, dia de descanso na religião judaica”, explica. A loja reabre no domingo. Feriados móveis como Pessach (em abril), Shavuot (junho), Purim (março), Rosh Hashaná e Yom Kippur (ambos em setembro) e Sukkot (outubro) também são respeitados. Quem pensa em visitar a loja nestes mêses, vale a pena entrar no site para checar as datas com antecedência.
Os pedidos de clientes feitos durante estes dias pela internet, só serão despachados depois dos feriados. “Para isso, trabalhamos horas extra e contratamos mão-de-obra adicional. Sabemos do inconveninente de ter feriados diferentes do resto do país. Por isso, fazemos o melhor possível”, explica Henry. “Todo mundo espera que se feche uma loja no Natal ou Ano Novo – como também fazemos. Mas ninguém espera uma loja fechada num feriado judaico pouco conhecido”. Ele conta ainda assim, todos os funcionários são pagos sem nenhuma dedução. “Para Sr. Schreiber, um bom relacionamento com um funcionário ou com um cliente é muito mais importante do que o lucro”, diz Posner.
Outro segredo da B&H, é o ótimo relacionamento que a loja mantém com os fornecedores – isso garante um bom preço final. Isso também faz a loja estar a frente e acompanhar todas as revoluções no mundo da imagem. “Quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam iguais”, diz Posner. Ele conta que a cada invensão de novas câmeras, algumas pessoas opinam que este será o futuro, outras falam que as novas invenções são coisas para amadores. “Já não vendemos mais tantos produtos para revelações em quartos escuros. Por outro lado, nunca foi tão fácil imprimir fotos em casa. Há impressoras baratíssimas”, diz ele. Quanto a qualidade das fotos entre feitas em filme e digitalmente, ele afirma: “o que vale é o carpineteiro, e não o martelo”.
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www.bhphotovideo.com
Tel – 212. 666-4415
Nova Avenida esquina com Rua 34
Metrô A, C e E, estação 34th Street.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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