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O prefeito é, literalmente, um garotinho
14.dezembro.2005

Tania Menai, de Hillsdale

14.12.2005 | Para falar com o prefeito Michael Sessions, de Hillsdale, em Michigan, basta passar a mão no telefone. Antes da 2h30 da tarde, porém, o prefeito não atende: ele está na escola. Michael, de 18 anos, foi eleito no final de novembro com uma vantagem de dois votos (670 a 668) sobre o então prefeito Douglas Ingles, um ancião de 51 anos que pretendia se reeleger.

Michael resolveu colocar a mão na massa depois de ver o pai perder o emprego numa fábrica de autopeças – e notar que apenas o próprio prefeito concorria ao cargo. Hillsdale vive da indústria e tem perdido postos de trabalho para a mão-de-obra terceirizada de dentro e fora do país - principalmente, para a China. Carismático e articulado, Michael preparou sua candidatura, em outubro, com os 700 dólares que ganhou trabalhando durante as férias de julho e agosto. Bateu de porta em porta, colocou cartazes e fez palestras. E se tornou, assim, o prefeito mais jovem em todos os Estados Unidos, com um mandato de quatro anos, que lhe dá a chance de reeleição.

Hillsdale, cidade de 8.200 habitantes e quase nenhuma diversidade racial, fica a uma hora e meia de carro de Detroit, norte do país. Nenhuma grande estrada passa pela cidade. Aqui não chega ônibus. Aqui não chega trem. Aqui não tem sequer taxi. “Todas as companhias de taxi faliram”, explica Melissia, recepcionista do Days Inn, um dos quatro hotéis da cidade (incluindo um motel e pensões). Num estado como Michigan, exageradamente dominado pela indústria automobilística, o único meio de transporte público de Hillsdale – normalmente usado por idosos – é o Dial-a-Ride (ou Disque-Carona), um ônibus que só funciona até às quatro da tarde. O passageiro liga, é apanhado na porta, paga dois dólares e é deixado onde quiser.

O que não falta, no entanto, é gentileza: nesta cidade, simpatia-é-quase-amor. Tampouco faltam concessionárias de automóveis e lanchonetes McDonalds, Burger King ou Pizza Hut – uma combinação infalível para a obesidade. Hillsdale tem ainda uma faculdade, a Hillsdale College, criada em 1844 e, certa vez, considerada uma das 10 melhores do país. O pequeno centro, onde Michael estuda e trabalha, tem uma arquitetura centenária que lembra uma cidade de boneca. É a típica cidade americana retratada pelo ilustrador Norman Rockwell, famoso por pintar a vida no mundo dos subúrbios.

Nos Estados Unidos, para ser candidato, basta ter 18 anos e registro de eleitor. Votar não é uma obrigatoriedade no país. Quando Michael se candidatou, ainda tinha apenas 17 anos e, por isso, concorreu na categoria “write-in”, ou seja, na cédula não constava seu nome, mas apenas o nome do seu concorrente. Para votar no adolescente, era preciso escrever seu nome por extenso. Não faltaram votos curiosos. Houve quem escrevesse seu nome errado ou o denominasse de “aquele menino de 18 anos”. Houve quem deixasse claras as razões do voto: “qualquer um, menos Douglas Ingles”. Essas variáveis foram analisadas meticulosamente para que houvesse certeza de que cada um desses votos não muito ortodoxos era, de fato, destinado a Michael.

Ao conversar com os moradores de Hillsdale, nota-se claramente que “the kid”, como Michael é chamado por muitos, fez por merecer o mandato que lhe foi dado nas urnas. Dias antes das eleições, ele pediu a John, dono da loja de CDs, DVDs e cappucinos “Checker Records”, que ele cedesse o espaço para uma palestra. “Cerca de 25 adultos fizeram perguntas sérias a Michael e ele respondeu à altura. E ganhou mais força ainda quando foi apoiado pelo corpo de bombeiros”, conta John, que também vende camisetas de grupos metaleiros e piercings para todas as partes do corpo. “Depois de eleito, ele também pediu o espaço emprestado para receber repórteres – a mãe dele já não agüentava tanta gente em casa”, acrescenta John, enquanto vende um DVD do Eminem para uma garota.

O cargo de Michael é mais honorário do que administrativo. Quem toma conta do dia-a-dia de Hillsdale é o cinqüentão Tim Vagle, cujo cargo de administrador da cidade é exercido sob contrato e não por meio de eleições. Ele está na prefeitura há mais de uma década e já trabalhou nove anos na área financeira da cidade. É ele quem leva os assuntos para a câmara de vereadores – e Michael vota como os demais. O “pequeno príncipe” vai ganhar 36 mil dólares por ano. Nada mal para um adolescente que, há duas semanas, quebrou o nariz ao dar de cara com um colega na aula de ginástica. A trombada não chegou a afetar seu belo rosto, tampouco seu “emprego de meio-expediente”, como ele mesmo chama. Com esse salário, ele poderá comprar um telefone celular e parar de usar o de sua irmã, Sarah, de 15 anos.

A cada duas segundas-feiras, Michael Sessions e Tim Vagle se reúnem, às sete da noite, com os nove vereadores. A reunião é aberta ao público. Na última segunda-feira, além de NoMínimo, estavam presentes um correspondente e um fotógrafo do “New York Times”. Michael vestia uma camisa azul xadrez da Ralph Lauren e gravata azul. Tim Vagel e os demais usavam paletós. Os assuntos tratados incluíram o contrato de uma nova empresa para a reciclagem de lixo e a iluminação da árvore de Natal em frente ao tribunal.

Michael conduz a reunião com palavras formais, chamando todos por Mister e pelo sobrenome. Ele, por sua vez, atende por Mr. Sessions. Contudo, ao responder à chamada dos presentes, à qual todos dizem “yes”, o prefeito soltou um inocente “yeah”. É por essas e outras que Tim Vagle fica atento: “Muitas vezes, durante a reunião, passo este papel para o Michael, indicando o que deve ser dito”, diz ele, mostrando uma espécie de “cola” com frases impressas em letras imensas. “Ainda estamos nos conhecendo. Dou-me muito bem com os meus filhos e com seus amigos e, então, acho que não teremos problemas”, acrescenta Mr. Vagle, cujo filho mais novo tem 21 anos.

Nas últimas três semanas, desde as eleições, Hillsdale só perdeu para Nova Orleans no quesito “geração de mídia espontânea”. Antenas de satélite viraram uma constante na Hillsdale Highschool, onde Michael se formará em julho do ano que vem. A televisão japonesa cobriu a posse do prefeito, ao vivo. Os russos enviaram equipe. ABC, NBC, a mexicana Televisa e o jornal “Los Angeles Times” também deram o ar da graça. Um repórter israelense passou um dia com Michael, e chegou a se incomodar quando se sentaram para comer um cheeseburger, quase uma agressão à sua dieta kosher.

Michael ainda foi a Burbank, na Califórnia, para ser entrevistado pela comediante Ellen DeGeneres, que pediu a ele que usasse seu poder para nomear uma das ruas de Hillsdale de “DeGeneres Drive”. O jovem foi também a Nova York e deu entrevistas para a CNN, MSNBC e para o “David Letterman Show”, da CBS. Letterman, por sua vez, criou uma lista intitulada “10 Bons Motivos para ser Prefeito aos 18 anos”. Entre os tópicos: “Se os meus pais me derem ordens, aumentarei seus impostos”, “Demi Moore já me ligou” (referência ao casamento da atriz com um homem muito mais novo), “Todas as noites um membro da câmara faz o meu dever-de-casa” e “Fico lisonjeado quando Bush telefona para me pedir conselhos”.

Piadas certamente não faltam. “Nos corredores da escola, alguns alunos o cumprimentam com um ‘Hey, Your Honor’ ou ‘Bom dia, Sr. Prefeito’, conta Doug Miller, um dos diretores. “Michael sempre foi bom aluno. Ele planeja seguir daqui para a Hillsdale College, mas já recebeu um convite de uma faculdade da cidade vizinha”, diz o diretor, em seu escritório. “Para nós, e para a cidade, isso tem sido bastante divertido porque, em geral, não temos muita exposição– e, de um momento para o outro, a mídia não pára de telefonar. Certa vez, tivemos de colocá-lo numa sala de aula e organizamos uma coletiva de imprensa para que ele não fosse mais interrompido”, diz Miller. “O Michael não tem namoradas. Ele não liga para isso”, diz, na porta da escola, uma adolescente tomada por espinhas. “Mas ele é muito legal”, acrescenta. “Gosto muito do Michael”, concorda Taylor, de 13 anos. “Ele é tutor de computação na minha classe. Ele é um barato”, diz ela enquanto congela numa esquina tentando arrecadar dinheiro para o Natal de pessoas pobres.

“Nossa cidade só esteve na mídia desta forma quando um construtor de Hillsdale foi decapitado no Iraque no ano passado”, diz Art Bukowski, um dos três repórteres do “Hillsdale Daily News”, jornal local com tiragem de 8 mil exemplares. “O mundo todo ligou para cá, incluindo Peru e Argentina”, diverte-se. Thomas Kondilas - que, aos 24 anos, se sente meio velho quando comparado ao prefeito - veio de Cleveland para trabalhar no jornal e conta que, na cidade, acontece um acidente de carro fatal por fim-de-semana, sempre por excesso de velocidade. Apesar do aparente marasmo, há quem reclame do trânsito. “A eleição deste prefeito mostrou que, apesar de tudo, a comunidade é progressista e quer o melhor para si”, acredita. E cita como exemplo Laura Smith, especializada em relações públicas. “Quando ela notou que a mídia internacional começou a vir para cá, mobilizou a comunidade para que todos limpassem seus jardins, jogassem o lixo fora e dessem uma cara bonita à cidade. A prefeitura chegou a decorar a entrada com um imenso enfeite de Natal, sem contar a árvore – isso custou alguns mil dólares”.

Numa noite gélida de domingo, Michael recebeu NoMínimo em sua casa, já decorada com uma árvore de Natal. Enquanto conversava na sala-de-estar, jogado no sofá, apenas de meias, sua mãe, Lori, preparava cookies natalinos; seu pai, Scott, que hoje trabalha como enfermeiro, cuidava da roupa tirada da máquina de lavar; e seu amigo Nick jogava videogame no computador. Michael conta que seus colegas de escola acham a nova situação engraçada, mas o apóiam. Interessado por ciências sociais, governo e história, ele condena a atitude de Bush de introduzir o “Design Inteligente” (concepção que se contrapõe à teoria darwiniana da evolução e prega a existência de uma inteligência que rege todas as formas de vida - nas entrelinhas, que Deus criou tudo) nas aulas de ciências de algumas escolas públicas. “Não sou religioso, mas freqüento uma igreja protestante. O presidente está misturando religião com governo, e isso não é correto”, diz ele.

Nesta conversa, o pequeno príncipe, que não tem passaporte, usa o MSN Messenger, mas nunca ouviu falar do Skype, mostrou clareza, maturidade e, sobretudo, paixão pela cidade onde mora. Pelo visto, seu maior obstáculo será convencer a irmã de que ele tem de usar o computador por mais tempo do que ela. Segundo Michael, “ela ainda não entendeu”. O segundo desafio é cumprir o que prometeu aos seus eleitores. Afinal, como diz o livro de Saint-Exupéry, “tu te tornas responsável por aquilo que cativas”.

Você estava preparado para lidar com toda essa atenção da mídia?

Não. Isso me pegou de calça curta. Mas a chave de tudo isso é ser organizado, escrever tudo o que precisa ser feito, falar com quem é necessário. Desde o primeiro dia, pensamos: “temos de nos organizar porque, pelo visto, a mídia não vai parar tão cedo”. E não parou.

O que foi realmente decisivo para você se candidatar?

Como você pode ver, a nossa cidade é muito boa, mas, como qualquer outro lugar, ela tem seus problemas. Perdemos muitos negócios por conta da terceirização de mão-de-obra para fora do país e para outras partes dos Estados Unidos. Tínhamos aqui um governo que, na minha opinião, não estava bolando novas idéias. Eles apenas estavam ali. Eram marionetes. Então, pensei: “vou tentar, vamos ver o que acontece”. A única coisa que pode ser gerada numa campanha são novas idéias. Agora, veremos se tudo correrá bem.

Como você deu a notícia da sua candidatura aos seus pais?

Tínhamos acabado de chegar do Canadá. Era 8 de outubro, praticamente um mês antes das eleições. Primeiro, me registrei e depois fui contar a eles. Cheguei ao trabalho da minha mãe e lhe mostrei o prova da candidatura. Aí, ela disse: “Você não se inscreveu para ser candidato, não é, Michael?”. Eu respondi: “Sim, mamãe, o que você acha disso?” (Risos.) Eles ficaram céticos, mas, ao mesmo tempo, me apoiaram imediatamente.

Você conhece o outro candidato?

Falei com ele uma vez. Ele é dono do ringue de patinação em frente ao Days Inn. Não é muito amigável. Depois das eleições, ele me chamou para dar uma passada no ringue. Fui lá. Ele disse que não ia contestar os resultados, mas acabou contestando. Ele está amargo em relação às leis. Talvez um dia possamos nos encontrar novamente e conversar. Mas as coisas ainda são muito recentes.

Qual foi a reação da comunidade quando você começou a campanha?

Os eleitores ficaram tão céticos quanto os meus pais. Olhavam pra mim e perguntavam: “Quantos anos você tem?”. Eu dizia “18”. Daí, eles perguntavam as minhas qualificações e eu dizia que era um menino de Michigan, tenho uma semana de experiência concorrendo para um cargo público e cumprindo meus deveres. Tenho interesse em política desde 1999, quando participei da minha primeira manifestação política – sempre assisti aos programas políticos na televisão junto com meu pai. Por que não dar uma chance?

Mas você esperava ganhar?

Eu estava otimista. Eu sabia que, se divulgasse meu nome, se mostrasse às pessoas quem eu era, se colocasse placas profissionais em todos os lados anunciando “Michael Sessions para prefeito”, eu teria alguma chance. Foi o que eu fiz.

Quais qualidades um prefeito deve ter?

Ele deve ser capaz de escutar as pessoas, de lidar e interagir com elas. Ao mesmo tempo, deve liderar a câmara e a comunidade. Sinto-me respeitado na prefeitura. Eles sabem que as pessoas de Hillsdale me elegeram. E isso já é suficiente para ser respeitado por todos.

Qual a sua prioridade?

Trabalhar com o responsável pelas finanças para criar novos empregos aqui. Uma vez que isso aconteça, as pessoas vão ter dinheiro e vão consumir mais. Precisamos trazer as fábricas de volta. Estou tentado colocar a mão na massa o máximo possível. Há poucos dias, participei de um evento num supermercado local, distribuindo balas para crianças pequenas. Eles me chamaram como convidado especial. Estou tentando me fazer visível ao máximo. Isso é o mais importante. Meu cotidiano não mudou muito. Continuo saindo com meus amigos e indo à escola. Mas hoje cumprimento as pessoas na rua e estou me acostumando com meu novo trabalho.

O presidente Bush chegou a lhe ligar?

Não. Nunca recebi um telefonema do Sr. Bush. Mas recebi um telefonema da governadora de Michigan (Jennifer Granholm). Ela ligou para o meu celular no meio da cerimônia de posse. Também recebi uma visita na escola de um senador do estado. Outro senador e um deputado também estiveram na minha cerimônia de posse.

O que você acha do presidente?

Já que essa entrevista será publicada em português... bem, para os outros meios, tenho dito que sou independente. Mas isso não é verdade. Sou democrata, mas não se fala isso nesta parte dos Estados Unidos. Não quero prejudicar minha carreira por causa disso. Minha opinião honesta é de que o nosso presidente não tem dado o melhor de si. Ele não tem mostrado compaixão pelos cidadãos, especialmente quando quis reestruturar a previdência social e não se preocupou com as pessoas que economizaram durante anos. Também sou contra a guerra do Iraque - isso tem afastado as demais nações dos Estados Unidos. Não podemos ser amigos dos outros países se eles nos olham com a impressão de que queremos declarar guerra. Sem falar nos combatentes que voltam para cá e se tornam pessoas perdidas, sofrendo pesadelos ao longo de anos. Essas pessoas jamais terão saúde mental.

Você admira algum político em especial?

Sim. Um deles é o senador Barack Obama, do estado de Illinois. Ele mostra que se preocupa com a população, tem muita compaixão pelas pessoas.

O que você acha da reação política aos estragos provocados pelo furacão Katrina, em New Orleans?

Os políticos não reagiram de forma suficientemente rápida. Algum plano deveria ter sido posto em prática. O prefeito de lá não me parece ter mostrado preocupação com os habitantes. Ele tentou explorar politicamente o problema ao falar no rádio – e esta não é a maneira certa de conduzir uma crise. Também fiquei decepcionado com a resposta do presidente. Dois dias se passaram para ele demonstrar alguma reação. Você tem que ter alguém que aja rapidamente e que veja o que as pessoas estão passando.

O que as pessoas esperam de você?

Que eu continue a fazer o que prometi. Que eu mostre minha preocupação pelos cidadãos de Hillsdale, mesmo em momentos difíceis - e mesmo se eu for criticado. Eles esperam que eu me exponha e que os olhe nos olhos para que eles me digam o que eu fiz de errado. Acho que eles querem que eu continue sendo o que eu sou e que lute pelo bem-estar da cidade.

Que poderes você tem como prefeito? Você pode criar leis?

Sim, chefio a discussão das regras criadas para a cidade. É isso que difere o prefeito do administrador, que lida com os assuntos cotidianos. Responsabilizo-me por assinar proposta de leis, presidir as reuniões da assembléia, sou responsável por escolher os chefes de polícia e bombeiros, sou responsável pelos 17 comitês da cidade que cuidam dos serviços públicos, desde o fornecimento de energia até o cemitério.

E como você concilia isso tudo com a escola?

Trabalho três horas por dia – é um trabalho de meio-expediente. Não tenho de lidar com o dia-a-dia dos funcionários da prefeitura ou da cidade. Mas sou muito compromissado com o que faço.

Você curte algum livro, filme ou programa de TV em especial?
Não vejo muita TV. Li um ótimo livro chamado “How Soccer Explains the World” (“Como o futebol explica o mundo” – leia entrevista com o autor Franklin Foer, publicada quando o livro foi lançado em português). Foi fascinante aprender sobre o jogo, não só na Europa, mas no Brasil, o seu país, e no resto da América Latina. Aprendi sobre as diferentes pessoas que controlam as regras do jogo. Foi muito interessante saber sobre aquele deputado brasileiro que presidia um clube de futebol, perdeu o lugar no Congresso e virou alvo de muitas investigações (referência a Eurico Miranda, personagem do livro). Foi interessante ver como ele usava sua influência no futebol para se eleger. Vi também que Pelé foi ministro do esporte.


E você pratica algum esporte, além de jogar xadrez?

Sim, joguei futebol americano na escola por dois anos. Corri cross-country no ano passado e pratiquei corrida por três anos. Mas não tenho tido tempo para mais nada. Pretendo fundar um clube de xadrez na escola.

O que você achou das piadas que Ellen DeGeneres e David Letterman fizeram a seu respeito?

Eu já esperava as piadas, mas, ainda assim, aquelas foram ótimas oportunidades de mostrar Hillsdale. Sempre que eu falo Hillsdale, Michigan, as pessoas perguntam onde é. Ter uma rua chamada Ellen DeGeneres aqui até que seria engraçado. Chegaram a falar comigo sobre isso numa reunião da assembléia, vamos ver se acontece. Sobre a lista do David Letterman, gostei daquele tópico que diz que eu fico lisonjeado quando o presidente Bush me liga para pedir conselhos. A idéia da Demi Moore também é engraçada. Você já a entrevistou?

Ainda não.

Estranho, ela casou com um cara bem mais novo.

A minha mãe, quando acha que eu não faço nada da vida, diz que “já fazia isso e aquilo quando tinha a minha idade”. Os seus pais têm coragem de fazer isso com você?
Não, eles nunca falaram isso para mim.

E as meninas? Aumentou o número de candidatas a primeira-dama?

Sim. Elas têm falado mais comigo, me dão mais atenção. Mas as trato como trato todo mundo.



[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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