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Ian McKee
17.março.2004

"A margem de lucro é astronômica"

Tania Menai

O economista Ian McKee, 29 anos, é o brasileiro mais conhecido nos Estados Unidos atualmente – ou talvez em todos os tempos. Ao longo de sete semanas, ele disputou com 24 rivais e os venceu, conquistando o coração da maquiadora e modelo Meredith Phillips. Tudo sob a vigilância das câmeras do programa The Bachelorette, da rede ABC, que teve uma média de 13,5 milhões de telespectadores por episódio. Filho de pai americano e mãe sueca, nascido em São Paulo, ele largou um emprego em Wall Street para viajar pelo mundo e foi inscrito no programa por amigas. Objetivo, falou à repórter Tania Menai sobre os bastidores do reality show.

Veja – Você gosta desses programas?
McKee – Nunca assisti a um reality show nem pretendo fazê-lo. Para mim, ficou claro que reality show é um tipo de programa cuja margem de lucro para a emissora é astronômica, se comparado a séries que exigem uma equipe de roteiristas, escritores e bons atores. Cada ator das séries Seinfeld e Friends ganhava 1 milhão de dólares por episódio. Em The Bachelorette não ganhamos nem um tostão – nem mesmo pelo direito de uso de nossa imagem. Os telespectadores desse tipo de show são adultos entre 18 e 49 anos – mulheres, em sua maioria. São uma mina de ouro para os anunciantes. Não há fórmula mais fácil para uma emissora ganhar dinheiro. Tanto que, em breve, será lançado aqui um canal a cabo dedicado inteiramente a reality shows. Imagine, 24 horas vivendo a vida dos outros. Eu nunca assistiria a uma coisa dessas.

Veja – Você deixou bem claro logo no começo do programa que em hipótese alguma pediria a mão dela em casamento. Mas a produção não exigia isso?
McKee – Não. Nada é obrigatório. Não há roteiro, não temos de decorar nenhuma fala e o final do programa fica em aberto até o último minuto.

Veja – Apesar do nome, os reality shows não costumam ter nada de real. O cenário mágico do programa – jantares, festas e mansões – não cria um clima artificialmente romântico?
McKee – A vida na televisão pode até parecer glamourosa. Mas nos bastidores ocorre o oposto. Nossas conversas são interrompidas constantemente, somos questionados a toda hora pela produção do programa sobre como estamos nos sentindo. Há uma psicóloga de plantão não apenas para nos ajudar mas para auxiliar os produtores a respeito dos caminhos que eles devem seguir durante o show.

Veja – O comportamento de vocês era manipulado de alguma forma?
McKee – Não. No entanto, quando éramos entrevistados um a um perante a câmera, eles faziam determinadas perguntas até conseguir a resposta que desejavam. Não importava quanto tempo demorasse – ou se precisassem nos servir mais bebida. Eles tentavam tudo até conseguir o que queriam.

Veja – Vocês não recebem nada mesmo para fazer o programa?
McKee – Não. Estou mais quebrado hoje do que antes. Recebemos um cheque de 100 dólares aqui e ali, nada além disso. Por outro lado, Meredith, que em breve vai iniciar um curso de culinária para ser chef, tem recebido boas propostas financeiras de empresas de cosméticos.

Veja – Sem contar o anel de noivado no valor de 75 000 dólares que você lhe deu.
McKee – Sim. Pago pela ABC, é claro.


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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