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Renzo Piano
15.outubro.2004

O Mestre da Leveza

O jovem italiano Renzo Piano viu seu pai torcer o nariz assim que anunciou sua opção pela arquitetura. Na época, aquela era uma profissão “menor” comparada ao ofício de sua família: tradicionais construtores genoveses. Hoje, aos 68 anos, Piano é o mestre internacional da leveza e iluminação. Sua genialidade entrou para história na década de 70, quando ele, então com 33 anos e em parceria com Richard Rogers, assinou o Centre Georges Pompidou, que abriga o Museu Nacional de Arte Moderna de Paris. A estrutura, que parece estar do lado avesso, expondo os tubos de água, eletricidade e ar-condicionado, pintados de cores diferentes de acordo com cada função. A escada rolante é externa, com vista para a piazza central.

Desde então, Piano criou dezenas de museus, estádios, complexos culturais, além do aeroporto de Osaka e da Potsdamer Platz, a praça construída sobre o antigo muro de Berlim. Há doze anos Piano é embaixador da Unesco e em 1998 recebeu o Prêmio Pritzker, o ápice da arquitetura, das mãos do ex-presidente Bill Clinton. Entre seus atuais projetos, está o novo prédio do New York Times, em Manhattan. Com 52 andares, a torre está sendo levantada na caótica regiao da Times Square e deve ser inaugurada em 2006. Com energia juvenil, Piano se divide entre Genova e Paris, onde ficam seus dois escritórios. Em Genova, ele construi sua própria casa, no litoral, mesclando o verde e o vidro. Em Paris ele vive na Place des Voges, numa casa do século XVII, vizinho à Maison Victor Hugo.Piano concedeu esta entrevista exclusiva do escritório parisiense, no belo bairro do Marais.

O senhor diz que “para os arquitetos, museus são as novas catedrais.” Por quê?
Piano –
Quando projetamos o Centre Georges Pompidou, ou Centre Beaubourg como eu ainda o chamo, em Paris, museus eram lugares bastante impopulares. Não que eles não fossem dignificados, mas eram frequentados por especialistas. Eu tinha 33 anos, gostava de arte desde a infância e achava que os museus eram distantes do grande público. O Centre Beaubourg não mudou a história; mas foi uma interpretação da mudança que estava acontecendo na época. Ele mistura diferentes disciplinas culturais, como as artes plásticas, a música e biblioteca pública. Foi uma forma de desmistificar o conceito de museu, de abrí-lo para as massas e criar curiosidade.

Como foi a reação do público?
Piano -
Fomos apedrejados por muito tempo. Diziam que o Centre Beaubourg era um supermarché de l’art (um supermercado da arte). Chamavam-no de fábrica, de refinaria. Mas este era o começo de uma nova era. Depois disso, fiz diversos museus, como Menil Collection, a Fundação Beyeler, em Basel, estamos construindo o novo Museu Paul Klee, em Bern, o High Museum of Art, em Atlanta e ampliando o Instituto de Arte de Chicago. Museus passaram a ser lugares populares. Assim como as catedrais do passado, eles são lugares de rituais - não sob aspecto religioso, mas o da coletividade e convivência. Além da arte, os museus reúnem pessoas – estou muito feliz com isso. Por sinal, estamos encarando o problema oposto: o sucesso dos museus. Pode soar estranho, mas é verdade. Museus devem ser lugar onde apreciamos a arte – para isso, precisamos de serenidade, de calma, de silêncio e contemplação. Com tanta gente, fica impraticável ter alguma calma.

Hoje, o senhor teria feito o Centre Pompidou, ou Centre Beaubourg, da mesma maneira?
Piano –
O que faz da arquitetura uma grande profissão é a dependência do contexto, da história, do momento. A arquitetura é fecundada pela sociabilidade. Hoje, ninguém é intimidado por um museu. Do ponto de vista histório, nos últimos trinta anos, tudo mudou. Museus intimidavam as grandes massas, incluindo o público jovem. Resolvemos provocar, introduzir curiosade, mais do que intimidação. Hoje, museus são bastante abertos, familiares. Por isso, eu o faria diferente - não sei o quão diferente. Na década de 70, éramos dois jovens irreverentes. Mas ainda hoje me sinto um garotinho. O que conta não é a idade, mas a experiência. A arquitetura é o espelho da realidade, além de ser uma utopia, elemento fundamental para a arquitetura. Esta utopia ainda está presente em todos os meus trabalhos: o sonho de mudar o mundo por meio das nossas realizações. O Beaubourg foi um prédio utópico, de certa forma.

O senhor dissee, certa vez, que o público demora a digerir e aceitar novas arquiteturas...
Piano –
Arquitetura faz parte dos nossos hábitos. Meu escritório fica aqui no Marais, uma parte bonita de Paris. Adoro este bairro, ando para casa todas as noites e admiro os prédios em volta. Mas quando observo as construções com mais cuidado, dou-me conta de que alguns dos prédios são feios, outros horríveis. Mas eles fazem parte da experiência – amamos prédios antigos. O tempo faz as coisas se tornarem bonitas. Quando um prédio é novo, mesmo que seja magnífico, ainda não foi incorporado aos nossos hábitos. Isso leva uns cinco ou dez anos. No começo, o Beaubourg foi odiado por muitas pessoas – é o típico caso do amor ou ódio. Hoje, ele faz parte de Paris. Dois anos atrás, quis fazer algumas mudanças no prédio. Mas o pessoal do Movimento Histórico não me deixou tocá-lo – disse que ele não pertence a mim, mas à Paris.

Em Roma, o senhor inaugurou recentemente o Parco della Musica, um novo complexo de auditórios. A capital italiana não foi construida em um dia, mas parece que o complexo foi um sucesso imediato...

Piano – Sim, este processo foi bastante rápido. As pessoas adoraram. Elas gostam da piazza, do anfi-teatro, do ambiente. Elas não vão lá apenas para escutar música, mas para passear e se reunir. Tudo depende da maneira como fazemos as maquetes. Da mesma forma como o Centre Beaubourg, fizemos o auditório deste projeto na piazza. Ela é o foco. O mesmo acontece na Marlene-Dietriech-Platze, a pequena praça que projetamos em Berlim.

O senhor constrói obras marcantes em várias partes do mundo. O quão envolvido o senhor deve estar com cada cidade?
Piano –
Você poderia escrever uma matéria sobre mim sem me entrevistar, mas quis falar comigo para que o conteúdo tivesse autenticidade. Como arquiteto, é possível fazer um projeto sem conhecer bem o local. Mas eu jamais construi alguma coisa sem antes ter passado bastante tempo na cidade. Lugares contam histórias. Basta calarmos nossas vozes e escutarmos cada tom. Devemos escutar com cuidado, não é algo muito evidemte. É como entrar num quarto completamente escuro: precisamos de um minuto para enxergar alguma coisa. Isso é algo que adoro fazer. É a primeira fonte de inspiração.

Foi assim que o senhor fez quando construiu a Potsdamer Platz, finalizada em 1997, onde ficava antigo Muro de Berlim?
Piano –
Sim. Foi importante escutar Berlim e, particularmente, a Potsdamer Platz. A guerra fez daquele lugar um deserto, cheio de poeira. Passei muito tempo lá, tentando compreender e capturar a historia. Depois da queda do muro, aquela virou um ponto histórico; tratava-se do centro da cidade. Antes mesmo da Guerra Fria, os urbanistas queriam limpar aquela área, então destruiram tudo por ali. Berlim abriga uma memória muita intensa. Especialmente aquele lugar, que foi o bunker de Hitler. Durante escavações, encontramos oito bombas. Ainda bem que elas não explodiram – os alemães brincam, dizendo que isso só não aconteceu porque eram bombas de fabricação russa. Há quem diga que Berlim seja uma cidade triste, feita de pedras. Discordo. Tanto, que usamos verde, árvores, água, terra-cota com cores leves – para mim esta é uma cidade cheia de vida e felicidade.

O New York Times é localizado na Times Square desde 1905. Como trazer harmonia para redação do mais importante jornal do mundo, por onde circulam 2500 pessoas e cujo prédio será localizado no epicentro do caos (Oitava Avenida, entre as ruas 40 e 41, em frente à rodoviária)?

Piano – O grande desafio deste projeto é construir algo no meio de Manhattan. O projeto de uma redação de jornal ainda é mais instigante do que um escritório comum – ele expressara transparência e luz. A redação ocupará o segundo, terceiro e quarto andar. O resto do prédio, será ocupado por outras empresas. Arranha-céus são herméticos por natureza, quase misteriosos – normalmente são pretos ou muito escuros, porque têm de tapar o sol ou sao revestidos por espelhos. Este prédio será feito de vidro transparente e cerâmica, o que permitirá muita entrada de luz. Acho lindo como os prédios em Nova York têm capacida de mudar de acordo com o clima. Quando olhamos a cidade, do topo do Empire States, Manhattan parece uma floresta - muda constantemente de cor. Depois de uma chuva a cidade fica azulada. Na hora do pôr-do-sol, avermelhada. Esta idéia é metamórfica. Em Nova York é importante ter uma presença que não seja nem arrogante, nem agressiva. Frequentemente, os prédios altos são símbolos de poder – alguns chegam a ser símbolos fálicos. Este prédio não será assim – nos remetera a sensibilidade.

Os atentados de 11 de setembro intimidam arquitetos a construirem torres em Manhattan?
Piano –
Eu estava em Nova York no dia 11 de setembro, com toda a minha família incluindo o meu filho pequeno, hoje com sete anos. Aquilo me tocou muito. Mas não podemos reagir a esta tragédia contruindo prédios que sobrevivam ao terrorismo. Nada sobrevive ao terrorismo. Nem vale a pena tentar. A única coisa que sobrevive a este mal são as cavernas, onde bin Laden está, provavelmente, morando até hoje. Perguntei aos americanos por que eles escolheram um europeu para projetar o prédio do New York Times. Responderam que buscavam uma visão mais humanística para um prédio deste tipo. Obviamente a tragédia do World Trade Center foi enorme. Mas as torres gêmeas eram completamente fora de escala, além de arrogantes.

O senhor já estava projetando o prédio do New York Times um ano antes do atentado. O projeto inicial sofreu alguma mudança depois da tragédia?
Piano –
Não. Já se tratava de um projeto de nova geração de arranha-céus. Desde o início, tanto o meu time quanto o pessoal do jornal sabia que este teria de ser um prédio mais sustentável em termos de segurança e de fluxo de gente. A população deste prédio é quatro vezes menor do que a das torres gêmeas e das demais torres que estamos projetando. Esta é a grande diferença. Em momento algum este projeto simbolizou arrôgancia, agressividade, egoismo ou dinheiro Sempre ressaltou a necessidade de se humanizar os prédios e trazer mais senso de urbanidade a uma cidade como Nova York. Em vez de apelar para o gigantismo, ele inclui jardins, espaço público e maior permeabilidade. Expressar valores como estes à cidade, às ruas e à Broadway, é bem melhor do que simbolizar poder e dinheiro. Dinheiro não é fotogênico, tampouco expressa lirismo.

Torres gigantes serão sempre alvos de terroristas?
Piano –
Não. O ataque nas torres gêmeas não aconteceu porque elas eram duas torres, mas porque simbolizavam poder e dinheiro. Ataques terroristas podem acontecer num estádio com sessenta mil pessoa ou no meio da Quinta Avenida. Se os terroristas quiserem atacar apenas prédios altos em Manhattan, então eles terão de atacar a cidade inteira. O alvo daqueles ataques foi o poder, não as torres.

O arquiteto Daniel Liebskind, de Berlim, foi comissionado a reconstruir o World Trade Center. Qual o papel de um arquiteto que terá de trabalhar sob os olhos e opiniões do mundo todo?
Piano –
O arquiteto capaz de fazer um bom trabalho naquele lugar tem hoje apenas cinco anos de idade. É um garotinho ou uma garotinha, que tem de crescer com inocência por ainda 25 anos. Trata-se de um lugar que carrega uma grande tragédia – ainda é muito cedo para reconstruir algo. É preciso mais tempo para que haja uma cicatrização. A arquitetura só vem no final deste processo.

É possível construir arquitetura de qualidade em países pobres?
Piano –
É possível, mas difícil. Demora-se para levantar dinheiro. Hoje temos dez maquetes em países pobres, incluindo Senegal – não conseguiremos implementar mais do que duas ou três. Estamos também construindo um centro cultural em Saraievo, no rio Mljecka, onde houve a guerra. Amo estes trabalhos. Há 27 anos trabalho com a Unesco e há doze fui nomeado embaixador.

O seu projeto na periferia de Milão, também em parceria com a Unesco, poderia servir de exemplo para a melhoria de cidades mais pobres?
Piano –
Socialmente, ele é muito importante pois trata-se de transformar uma periferia pobre na textura de uma cidade. Em casos assim, a sociologia e a antropologia urbana são mais importantes do que a arquitetura. Normalmente, as periferias são doentes e atrofiadas porque são monofuncionais. Em algumas só se dorme, noutras só se trabalha. A beleza de uma cidade é justamente quando ela mistura a divindade da igreja com a profanidade do lazer e da vida de rua: pessoas trabalhando, aproveitando a vida, comprando e promovendo atividades culturais no mesmo lugar. Para melhorar as periferias, temos de misturar todos estes aspectos.

É possível restaurar cidades que cresceram desordenadamente?
Piano –
Sim. Cidades são como corpo orgânicos: elas nunca param de mudar. A diferença é que elas se movimentam num ritmo lento. Quando falamos em restauração, estamos falando numa mudança homeopática. Não se trata de destruir tudo e construir novamente. Jamais podemos fazer isso.

O senhor também assinou o projeto do aeroporto internacional Kansai, de Osaka, um complexo de 49 portões de embarque sob numa ilha artificial construida pelos japoneses. Dizem que a ilha, cuja construção consumiu 12 bilhões de dólares, está afundando gradualmente. É verdade?

Piano – Não. A ilha foi construida pelos japoneses - e eles não quiseram esperar os 20 anos necessários para que ela se ajustasse. Resolveram construir o aeroporto em cinco anos. Quando se constrói uma ilha sobre uma profundidade de 20 metros d’água, precisa-se de tempo para que ela se assente. Mesmo assim, não há problema algum no aeroporto. Tampouco tivemos problemas com “tsumanis”, aquelas ondas gigantes comum na região, pois a baía de Osaka é protegida. A história do assentamento da ilha foi interpretada com perversidade pela imprensa americana – americanos têm prazer em implicar com os japoneses. Por sinal, em 1994, o epicentro do terremoto que chacoalhou a cidade de Kobi, foi no meio daquela baía. O epicentro foi equidistante de Kobi e do aeroporto. O teto do aeroporto chegou a se mover 50 centímetros. Mas nem um pedaço de vidro se quebrou. O prédio é muito bem construído.

Inclusive, o senhor está construindo a Academia de Ciências da Califórnia, em São Francisco. Quais as preocupações que se deve ter em lugares de alto risco de terremoto?
Piano –
Dois terços do planeta é área sísmica. Além deste projeto em São Francisco, estamos construindo uma igreja para dez mil pessoas no sul da Itália também em uma área sísmica. Acabamos de construir em Tóquio uma torre em Giza, região de igual risco. Nestes casos, temos de ser muito flexíveis e leves – ambos aspectos são essenciais. Estamos construindo constantemente nestas áreas –isso faz parte do nosso dever. O dever do arquiteto é criar abrigo; seja em áreas sísmicas, em regiões por onde passam tufões, de muito calor ou extremo frio. Desde que finalizamos o predio da Menil Collection, em Houston, em 1986, já passaram cinco ou seis furacões por lá. Já o prédio do Centro Cultural Jean Marie Tjibaou, na Ilha de Nova Caledônia, no meio do Pacífico, o qual terminamos há dois anos, foi construido com constante alerta de furacão. A natureza nem sempre é amiga. Se fosse, os arquitetos não precisariam existir. Bastaria que andassemos pelo paraíso.

Alguns arquitetos se preocupam mais com a forma e o material. Outros com as pessoas e o espaço. Como achar o equilíbrio?

Piano – Este equilíbrio é fundamental. É errado pensar arquitura em termos de forma e material. Também é errado pensar apenas no comportamento das pessoas. A arquitetura é a profissão mais materialista que se pode ter em mente - ao mesmo tempo, é a mais idealista. Como arquitetos, temos de misturar a ética e a estética na medida certa.

O que o senhor acha do arquiteto brasileiro Oscar Niemyer?
Piano –
É um grande mestre. Tem feito grandes coisas. Ele pertence a uma geração diferente da minha, temos diferentes linguagens, mas ele é um grande aquiteto. Tenho um pouco de influência de cada arquiteto, incluindo o Niemyer.

E qual o seu predileto?
Piano -
Meu amado arquiteto é o italiano Filippo Brunelleschi (1377- 1446). Ele era completo: um artista, um arquiteto e um construtor. Desenhava suas proprias ferramentas de construção. Ele não só construiu a cúpula da catedral florentina Santa Maria del Fiore, como a maquinaria necessária para a obra. Um arquiteto não deve ser mais importante do que sua obra. Se isso acontecer, seu trabalho vira um instrumento de sua auto-celebração. Isso é estúpido.

Como foi receber o Prêmio Pritzker na Casa Branca?
Piano –
Ótimo. O ex-presidente Clinton é uma pessoa espirituosa, muito simpático. Hoje, me parece um evento impossível de acontecer. Seria impossível sentar com o Bush na mesma mesa e vê-lo fazer piadas. Clinton é uma pessoa completamente diferente. Falamos sobre arquitetura e rimos muito.

Veja – A Itália transborda arte e arquitetura. O quanto isso influenciou o seu trabalho?

Piano – A Itália está na minha pele. Mais precisamente Genova, uma cidade histórica, perto do mar, sempre com paisagens de navios. Passei a juventude nesta cidade. Para uma criança, o porto é um lugar mágico que se carrega para a vida toda.

Quais as obras aquitetônicas que o senhor acredita que a sua geração deixará para o mundo?
Piano -
Esta é uma boa questão, mas muito difícil de responder. Não me sinto velho o suficenete para começar a pensar nisso. Ainda estou inteiramente envolvido no dia-a-dia do trabalho.Esta é uma preocupação retórica que um arquiteto nunca deve ter. Não temos de nos preocupar com o que vamos deixar como herança. Devemos nos preocupar com o que fazemos para as pessoas. Amo meu trabalho. Moro muito perto do Centre Beaubourg e amo andar até lá e ver as pessoas curtindo o prédio e a piazza. Minha felicidade não é sobre o lema da eternidade, mas no contentamento das pessoas. Trata-se mais de vida do que de um testemunho para a posteridade.


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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